O Grupo Escoteiro Corrente

A história do nosso grupo começa há alguns anos atrás, em 1982, quando aqui em nossa região ainda havia uma grande fabrica chamada Linhas Corrente. Fabrica essa que faz parte do grande grupo de linhas industriais COATS, sediado em Londres na Inglaterra e que coincidentemente é o berço do escotismo mundial.

Foi então que por uma ordem interna, vinda diretamente da Inglaterra, surgiu a demanda de que a fabrica, que por sua vez tinha um terreno com incontáveis metros de área verde à disposição, passasse a ter a prática do escotismo em suas dependências. Esta demanda estava diretamente ligada a uma condição imposta pela própria rainha Elizabeth II como condição para poder visitar a fábrica no Brasil.

Foi então que, em 22/05/1982 nas dependências do Linhas Corrente Esporte Clube aconteceu o primeiro acampamento escoteiro sediado pela fábrica. "- Ué, mas o grupo não foi fundado em agosto?". Sim! Foi fundado em agosto mas o primeiro contato com escotismo foi através deste primeiro acampamento, que serviu para divulgar o movimento escoteiro para os próprios colaboradores da fabrica. O acampamento aconteceu nos dias 22 e 23 com 60 jovens que pertenciam ao Grupo Escoteiro Cidade Santuário e Grupo Escoteiro Ipê Amarelo das regiões de Sapopemba e São Lucas

O impacto positivo desta atividade foi tão grande que as principais mídias da região relataram o ocorrido. O jornal Folha da Tarde publicou a matéria sobre o acampamento no dia 31/05/1982 e o jornal A Gazeta no dia 30/05/1982. E em apenas 3 meses após o acampamento já acontecia a cerimonia de inauguração do nosso querido Grupo Escoteiro Corrente.

No dia 21/08/1982 com 10 lobinhos, 9 escoteiros e 4 chefes foi realizado a primeira atividade do Grupo Escoteiro Corrente. Na ocasião a função de Chefe de Grupo foi atribuída ao Ch. Ivo Moreira, tendo como Sub-Chefe de Grupo a Ch. Eini Aparecida Mendes que também era a chefe da alcateia, a Ch. Walkiria Kramer da Silva como chefe assistente de alcateia e o Ch. José do Carmo L. Silva como chefe de tropa escoteira.

Durante nossa inauguração também participaram os grupos: G.E. Águias do leste, G.E. Ebenezer, G.E. Guatós, G.E. João Ramalho, G.E. Minuano, G.E. Olivetano, G.E Temiminos e G.E Ventos do Sul. Totalizando 250 participantes entre jovens e adultos.

Desde então o nosso grupo ano após ano só crescia e se tornava cada vez mais uma das principais instituições educacionais da nossa região, não só atuando de forma local mas também proporcionando aos jovens a participação em diversas atividades de níveis regionais, estaduais e até mesmo nacionais.

Olha só quanta coisa aconteceu:
1982 - Presença no acampamento regional de Lobinhos, Jornada Escoteira e Olimpíadas interdistritais Escoteiras.
1984 - Primeira grande campanha comunitária tendo como alvo das ações uma creche que prestava assistência as crianças do bairro.
1985 - Primeiro grande acampamento de integração dos pais com o grupo dentro do clube do Palmeiras.
1986 - Presença no 2º Jamboree internacional do Cone Sul e Brasil, que ficou conhecido pelo nome fantasia de Jamboree Farroupilha.
1987 - Presença no 10º Mutirão Nacional Escoteiro que aconteceu em Curitiba e no encontro regional de Lobinhos.
1988 - Presença no 3º Interclãs em São Bernardo do Campo
1990 - Presença no ARP 90 - Acampamento Regional de Patrulhas em Barretos, Fórum distrital de jovens, Acampamento regional de Monitores e no 12º Elo Nacional.
1994 - Presença no AIP 94 - Acampamento internacional de patrulhas em Barretos.
1995 - Ação comunitária junto a biblioteca municipal Gilberto, onde o grupo reencapou e ordenou todo o seu acervo, revitalizando assim a biblioteca.

E depois de tanto tempo e tantos anos colhendo todos os momentos felizes que foram plantados através do escotismo, o ano de 1996 trouxe uma das piores noticias já recebidas durante esses 42 anos de história.
O terreno utilizado para operação da unidade do linhas corrente foi adquirido pelo Grupo Bourbon que utilizaria o espaço para construir um hipermercado e um shopping center da Cia Zaffari, ambas do Rio Grande do Sul. No final das contas essas obras nunca foram concluídas, mas o fato é que o Grupo Escoteiro Corrente estaria sem sede a partir de 1997.

1997 começou com muitos "nãos" foram varias as instituições consultadas, dezenas de lugares especulados, mas no final sempre haviam impeditivos para que cedessem algum espaço para a pratica do escotismo. Quando os problemas não eram evidentes para inviabilizar a parceria eles eram criados para tal.
Até que depois de muita luta e persistência o Clube Arthur Friedenreich foi solicito à nossa necessidade o nos permitiu utilizar o porão da piscina do clube para armazenar nossos materiais, e também permitiu que utilizássemos a área do clube para realização das atividades.

Esse acordo poderia ter sido a luz no fim do túnel para o grupo porem ainda não tínhamos cavado nem um terço do que estava por vir.
O clube já tinha em suas dependências um grupo escoteiro, que realizava as atividades no local e mesmo tentando uma união, esta parceria não aconteceu. O resultado foi que o grupo só conseguiu utilizar o espaço do clube depois de muito tempo solicitando a permissão para a subprefeitura e ainda assim não podia usar de maneira continua, e começou a alternar os locais onde as atividades seriam realizadas.

Até que, ainda 1997 por intermédio do presidente do G.E. São Francisco de Assis, que era sócio do Clube Juventus, nos chegou a informação de que o clube gostaria de montar um grupo escoteiro, e como o nosso grupo já existia e estávamos sem sede, depois de algumas conversas e acordos, em outubro daquele ano estaríamos oficialmente sediados no Clube Juventus, e apadrinhados pelo G.E. São Francisco de Assis.

O pesadelo parecia ter acabado. Ufa!!
Em 1998 o grupo cresceu, atraiu mais jovens e haviam propostas de construção de quatro chalés para que servissem de sede para o grupo dentro do clube.
Com o tempo, nosso material saiu do porão da piscina do Clube Arthur Friedenreich e foi para o almoxarifado do Clube Juventus e usávamos como base a Capela do clube mas ainda sem um local definido.

Com um pouco mais de tempo se passando, o grupo começou a receber informações de que o conselho do Clube não estava totalmente satisfeito com o grupo escoteiro. E antes que a relação ficasse insustentável mesmo ainda tendo local para realizar as atividades decidimos recomeçar aquela velha e conhecida busca, vamos atrás de um novo local!
Não muito tempo depois disso, o que era esperado se concretizou, não havia mais um alinhamento entre as expectativas do Clube Juventus e as premissas do Grupo Escoteiro Corrente

Como dessa vez não fomos pegos de surpresa, conseguimos esgotar os esforços a ponto de conseguir um novo respiro.
A Igreja Católica de Vila Alpina, representada na época pelo Padre Fausto, conseguiu nos auxiliar tanto com um local para armazenagem do nosso material, que ficou no CASP, quanto com o local para realização das atividades, na Creche Mary Anne.
Neste momento foi necessário uma conversa bem delicada com todos os pais pois em sua maioria eram sócios do Juventus, e foi nesse momento que o pior não aconteceu, pois a confiança no trabalho dos chefes era tamanha que nenhum membro juvenil se desligou do grupo nesta transição.

Quando o grupo firmou parceria com a Creche Mary Anne, um documento de garantia de utilização também foi assinado, e naquele momento estávamos com o local assegurado por pelo menos 5 anos. Estamos livres do pesadelo da sede!
Com maior preocupação já não sendo uma realidade, o período em que ficamos na creche foi extremamente proveitoso em relação as atividades, mas também não demorou muito para que algumas situações começassem a acontecer de modo que houvessem muitas podas.
A creche funcionava durante a semana e aos sábados era utilizada apenas pelo grupo, ou seja, essa alternância demandava ações por parte dos colaboradores que fugiam de suas rotinas originais, então mesmo com o espaço garantido, o ambiente já não era o mais acolhedor.

Foi então que uma inciativa começou a tomar forma, uma iniciativa que viria ser a a virada de chave para o Grupo Escoteiro Corrente. Por que não podemos ter uma sede própria? Construída de acordo com a nossa necessidade? Por que não?
E foi exatamente isso que que aconteceu. No inicio começou a busca por um local que fosse adequado, um espaço grande, que comportasse uma sede e ainda sobrase muito terreno para a realização das atividades.
E depois de muita busca e com muito esforço encontramos o local, e ficava nas dependências do Clube Santa Cruz.

Depois de algumas visitas ao local ficou claro não só o quanto ele era adequado mas também pode se notar a idoneidade dos membros do clube, o que nos fez confiar mais ainda que aquele era o melhor caminho. Foi então que começaram as conversas entre o Clube Santa Cruz e o grupo na época representado pelo Chefe Marco Antonio Palinkas e apoiado pelo jornalista e diretor da Gazeta de Vila Prudente Hirão Tessari.
A ideia foi recebida com bons olhos pelo presidente do clube que logo nos cedeu o espaço para que a sede fosse contruída e as atividades realizadas.

E foi ai que a magnitude da situação veio a tona. Como vamos construir uma sede? Fácil, começando pela planta. O desenho era simples, mas totalmente útil, 60m² totalmente aproveitados, banheiros grandes, cozinha, almoxarifado, secretaria e salão social, além do entorno da sede que podia ser coberto com lonas para que cada seção tivesse seu espaço coberto em dias de muito sol ou chuvas.
Mas para construir ainda faltava muito, faltava material, faltava mão de obra especializada, faltava verba, mas sobrava muita vontade por parte de todos os envolvidos, e ninguém ia se dar por satisfeito até tirar aquele sonho do papel.

Fomos buscar apoio em todos os cantos possíveis, poder publico, instituições filantrópicas, instituições privadas, grupos comunitários e também com os próprios membros do grupo. E na mesma medida de todo esforço empenhado até aqui a ajuda veio.
O grupo contou com o apoio de todos membros, tinha terreno para capinar, blocos para carregar, paredes para levantar, rebocar e pintar.
Mas de onde veio todo o material? E a mão de obra especializada? No intervalo de tempo entre liberação do espaço e o inicio das obras o grupo foi agraciado com a doção de 1000 blocos de concreto, depois com materiais como metais e madeiras que foram reutilizados de outras obras, fora os outros materiais de construção e acabamento que foi grande parte doado pela Tumkus situada no bairro de São Lucas. E a mão de obra especializada ficou por conta dopai de um dos lobinhos da época que era pedreiro e fez questão de oferecer o serviço para o grupo por uma valor muito abaixo do que qualquer outro poderia cobrar.

Em 19/03/2001 começamos a construção da sede, e em 21/04/2001 já estávamos realizando nossa primeira atividade em nossa nova casa, novinha em folha, projetada para atender a nossa necessidade.
Sim, foram só 3 meses de obras e o sonho saiu do papel, não faltaram dificuldades nem desafios, mas também não faltou vontade nem determinação e nem empenho, muito pelo contrário, isso tinha de sobra.
Parecia que o pesadelo de ficarmos sem uma sede havia acabado de vez, mas ainda tem muita historia para acontecer ...